sexta-feira, 22 de maio de 2015

Quando o filho não gosta de estudar

Você passa por isso na sua casa? Veja como reverter a situação


A hora de fazer a lição na sua casa é sempre um tormento? Seus filhos reclamam, fazem de tudo para adiar a tarefa, até o limite do relógio? Pois saiba que você não está sozinha.

“Essa é a maior reclamação que eu recebo dos pais e crianças no consultório”, afirma a psicopedagoga Simone Gama. Se você se preocupa, está certa, já que a lição de casa tem papel fundamental no rendimento escolar do seu filho.

Uma pesquisa realizada pela PUC-RJ concluiu que alunos que fazem lição de casa têm uma média 14% maior em Língua portuguesa e 10% maior em matemática.

Os resultados indicam que estimular o aluno a estudar fora da escola traz resultados muito positivos. Mas como fazê-lo gostar de estudar?

Algumas condutas podem ser tomadas para crianças e adolescentes em qualquer faixa etária para estimular os estudos e reverter a situação:
Estabeleça uma rotina de estudo. A partir da disciplina, forma-se o hábito.
Pense na lição de acordo com os horários em que o seu filho tenha maior rendimento.
Valorize os estudos. Conte para a criança o quanto estudar foi importante para você e o que poderia ter acontecido caso não tivesse se dedicado.
Fuja das broncas, ameaças e castigos. Se adotar tal tática, a escola acaba sendo vista como algo negativo.
Abra-se para o diálogo. O seu filho precisa contar o que acontece no colégio.
Hábitos de leitura e passeios culturais incentivam o estudo.
Associe o que o seu filho está aprendendo em classe com a vida real. Peça para ele, por exemplo, fazer a lista do mercado, separar feijões ou ver o que está faltando na despensa.
Vá a todas as reuniões de pais e mantenha contato direto com os professores para acompanhar o comportamento das crianças.

Além dessas dicas gerais, é importante pensar em três fases escolares determinantes na vida das crianças e adolescentes: o 1° ano do Ensino Fundamental, o 6° ano do Ensino Fundamental e o 1° ano do Ensino Médio.

Cada uma delas deve ser vista de maneiras diferentes.

As primeiras grandes mudanças
No 1° ano do Ensino Fundamental, o seu filho está com 6 anos e vai aprender a ler e escrever. O tempo lúdico na escola diminui consideravelmente, o que pode deixá-lo confuso e cansado. Nesse período, é importante que os pais acompanhem de perto a lição de casa, por exemplo.

“Pode ser chato e cansativo, mas é necessário. A criança precisa de ajuda com a organização e de acolhimento em casa para entender as mudanças que estão acontecendo na escola”, afirma Simone.

O começo da adolescência
Quando chegam ao 6° ano do Ensino Fundamental, os filhos já estão sentindo mudanças no corpo e no emocional por conta da puberdade. Até o 5° ano, eles tinham no máximo 3 professores e agora podem ter até 10 – e certamente eles são menos maternais que antes.

Na mochila, há muito mais livros e cadernos, além de uma quantidade enorme de lição de casa e provas.

“É uma mudança muito grande. Os pais precisam se colocar no lugar dos filhos porque não é fácil para as crianças. A lição de casa já deve ser feita sozinha, mas os adultos precisam supervisionar, ajudar os filhos a se organizarem, fazer um calendário e cronograma de estudos.”, indica Simone.

Esse é exatamente o caso da Janaína, mãe do João Lucas, de 11 anos. “Quando ele mudou para o 6° ano, mudamos o João de escola. Antes, ele estudava no método construtivista, mas achamos que – para a sua evolução – o tradicional seria melhor dali pra frente”, relata a mãe.

Mesmo após o período de adaptação, ele ainda não faz a lição de casa sem a cobrança da mãe e de vez em quando recebe bilhetes na agenda de que anda desatento nas aulas.

“Como o método de ensino foi alterado, o tempo de adaptação é diferente. Ele nunca teve contato com provas e alguns tipos de trabalhos e cobranças. A mãe Janaína pode tentar ajudar o filho na organização da rotina de estudos. E é necessário ter muita paciência”, sugere a especialista Simone.

Rumo à fase final
É na época do 1° ano do Ensino Médio que a puberdade estoura. Junto com ela vem a sexualidade, o ápice da competitividade, a busca pela socialização, a preparação para o vestibular e a escolha da profissão, que – a princípio – será para sempre.

É nesse período que acontece a maior evasão escolar. Os alunos se sentem desconectados da escola e os índices de reprovação são enormes.

“A melhor orientação que eu posso dar é que construir uma boa base de estudos na infância garante uma adolescência mais tranquila. Mas não é impossível fazê-los se interessar pelos estudos”, comenta Simone.

O vestibular e a possibilidade a médio prazo de exercer uma profissão podem ajudar a aproximá-los dos estudos. Esteja sempre aberta ao diálogo.

Marina é mãe de Carlos Alberto, que hoje tem 24 anos, mas deu trabalho na escola desde criança. “Ele era disperso, brincalhão e nunca se interessou pelos estudos. Eu tive que cobrar a lição de casa e os trabalhos escolares até a adolescência”, lembra-se.

Com muito diálogo e paciência, conseguiu reverter o quadro, mas isso só aconteceu no 2° ano do Ensino Médio. “Nem acredito que hoje ele conseguiu se formar em administração, está fazendo um intercâmbio e, na volta, vai continuar a cursar o MBA, que deixou trancado”, revela.

Mudança de comportamento
Se seu filho mudou de atitude de maneira repentina, não se esqueça de que a socialização é extremamente importante para a vida escolar. Se ele fala que não gosta dos amigos ou dos professores, se se mostra apático e reclama muito para ir ao colégio, fique atenta aos casos de bullying.

Marque uma reunião com a professora e convide alguns amigos para visitar a sua casa, por exemplo. Assim, você tenta aproximar o seu filho dos novos colegas e consegue identificar se há algum comportamento estranho entre eles.

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