segunda-feira, 21 de julho de 2014

Laços de amizade

O Bem Viver conta a história de pessoas que se uniram pela afinidade e pelo prazer de estar juntas

A turma do Petegolo, que existe há 38 anos, é formada por cerca de 30 amigos entre 54 e 79 anos
O que seria da vida sem os amigos? Pode ter certeza de que, na solidão, seria muito mais sem graça. Está comprovado que conviver com pessoas queridas afasta doenças, melhora a autoestima e alegra o dia a dia. O Bem Viver convida você para comemorar o Dia Internacional da Amizade, celebrado hoje, na contramão do mundo corrido: reserve um tempo para cultivar as relações com quem se ama.

Ninguém nasceu para viver sozinho. A psicóloga Fernanda Seabra, do Colégio Conviver e especialista em terapia familiar sistêmica, esclarece que precisamos pertencer a um grupo desde o momento em que nascemos e somos acolhidos pela nossa família. Com o tempo, passamos a nos agrupar por afinidade. “Os inimigos têm os nossos defeitos e os amigos, as nossas características, por isso eles são o espelho da nossa alma. Com a amizade vamos atrair pessoas que se parecem com a gente e têm em comum os mesmos planos, vontades e desejos”, diz.

A realidade, no entanto, é cruel. São tantas as tarefas para cumprir em um curto tempo que faltam oportunidades para encontrar os amigos. Afinal, manter as relações em dia exige dedicação. “Mas na hora em que passamos um momento de dificuldade, se não tivermos estabelecido uma rede de apoio e alimentado nossas relações vamos sofrer sozinhos. Os vínculos nos dão suporte”, pondera. Por isso, a psicóloga sugere criar o hábito de cultivar as amizades, nem que seja com um telefonema. Nenhuma relação vai ter futuro, se não for cuidada.

Todas as quintas-feiras, o pediatra Jamil Nahass, de 74 anos, deixa o consultório para encontrar amigos de longa data, todos integrantes do grupo Petegolo. Eles jogam peteca e depois jantam no Pampulha Iate Clube, em Belo Horizonte, enquanto batem papo e se divertem. “A maior motivação para estar com os amigos é o aconchego. Às vezes você sai com um problema do consultório e, quando chega lá, com todo mundo falando ao mesmo tempo, em cinco minutos está numa ótima. Parece que fez terapia de um ano”, brinca. “Se não fosse o compromisso, pelo menos meia dúzia estaria em casa deprimido e cheio de dor.” Hoje, quase 30 homens fazem parte do grupo, entre 54 e 79 anos. 

As regras para entrar no Petegolo são claras: o candidato tem que passar primeiro pela avaliação do chefe e depois deve pagar um jantar para todos os integrantes. Antes de ser oficialmente integrado ao grupo, ele permanece em período de experiência por três meses. “Também tem que jogar peteca no mesmo nível. Se jogar mal, a turma o encosta até recuperar a forma”, informa o pediatra. E mais, mulher não entra. Há quase quatro décadas, Jamil conquistou seu lugar no Petegolo cozinhando deliciosos pratos árabes e assumiu a função de fiscalizar a saúde dos velhos amigos. “Fico coordenando a saúde de todos. Não deixo comer demais, não deixo engordar nem abusar da bebida.”

De fato, ficar isolado aumenta as chances de depressão. Mais um motivo para estreitar as relações com os amigos. “Saber que o outro se interessa por mim e me considera alimenta a vontade de viver e o desejo de sair de casa. Isso nos mantém vivos”, afirma Fernanda Seabra. A amizade também pode ser usada a favor da saúde, assim como ocorre no Petegolo. Por que não convidar um amigo para ser companheiro de atividade física? Há quem se sente mais motivado para se exercitar quando está acompanhado. “É um momento de cuidar do corpo, se divertir e conversar. A pessoa volta para casa muito mais relaxada e com uma sensação de prazer. Pode até ser que os problemas não se resolvam, mas o fato de ser ouvido por uma pessoa de quem se gosta tem efeito terapêutico”, diz a especialista.

COMPANHIA
O professor Ronaldo Lemos Botrel, de 61, não tem dúvida de que a atividade física fica muito melhor com companhia. Ele é um dos integrantes mais antigos do grupo Corredores da Bandeirantes (Corban), em referência ao nome da avenida onde ocorrem os encontros diários, sempre no início da manhã. A preguiça e o cansaço são deixados de lado quando Ronaldo lembra como é bom conviver com os amigos que, assim como ele, gostam de correr. “Como temos afinidades, sai muita risada, casos engraçados e brincadeiras. Além de fazer a prática da corrida, desfrutamos de momentos agradáveis”, comenta.

Em mais de 30 anos surgiram vários amigos que ainda estão presentes na vida de Ronaldo. O professor, que também é maratonista, ressalta que a longa preparação para as provas acaba contribuindo para criar laços de amizade entre os competidores. “A corrida é o que nos motiva a encontrar e conviver, e em razão disso muitas amizades são consolidadas.” 

FONTE: Estado de Minas 

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