Para as crianças, o Papai Noel é capaz de trazer qualquer presente, mas nem sempre os pais podem comprá-los. Saiba como explicar a situação para os pequenos
Chega dezembro e a fantasia das crianças começa. Elas criam cartinhas especiais e listas com todos os presentes que gostariam de ganhar do Papai Noel, situação que tem alto potencial de colocar os pais em uma grande saia justa quando o tal pedido está aquém do alcance dos adultos. Como agir: frustrá-los ou fazer de tudo para garantir que o presente esteja sob a árvore na manhã de Natal?
Um estudo encomendado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) revelou que a vontade dos filhos pesa para 49% dos pais na decisão das compras de fim de ano. O medo de frustrar os pequenos também faz com que os adultos tentem compensar a decepção do presente de outras maneiras, entre elas, pela barganha: 51% se comprometem em dar o presente desejado em outra ocasião, para evitar o choro e a birra das crianças.
Frustrar-se faz parte do viver, garantem os especialistas. Por isso, não ter as expectativas absolutamente correspondidas é um processo natural e benéfico para as crianças, já que isso as prepara para a vida “de gente grande”. Só assim aprendem que nem tudo funciona exatamente do jeito que elas querem e que é preciso aceitar e seguir em frente.
A fantasia do Papai Noel não precisa ser desmistificada pelos pais. A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia na Universidade Anhanguera de São Paulo Elisa Meireles pontua que acabar com essa brincadeira, na infância, é injusto com os próprios filhos. Portanto, é possível manter o ritual das cartinhas e explicar aos pequenos que alguns presentes podem não chegar no trenó do bom velhinho.
“Nós colocamos para os pais a importância de ensinar às crianças como tolerar as frustrações. Elas precisam ter noção do que é a realidade da família, o que eles podem ou não dar. Um jeito de explicar é dizer que às vezes o Papai Noel pode não dar conta, que ele tem muitos presentes para entregar pelo mundo e fica difícil atender todas as crianças”, sugere a psicóloga.
Eles sabem lidar
A resiliência dos pequenos, aliás, é muito subestimada pelos adultos. Em alguns casos, a tristeza de não poder corresponder aos desejos dos filhos é maior nos pais do que a frustração de não ganhar o presente esperado. A culpa acaba sendo mais forte, principalmente quando os pais querem suprir a ausência da vida familiar com bens materiais.
“O melhor presente de Natal para uma criança é a presença dos pais, o carinho, a disponibilidade de tempo, de afeto. Isso é o que falta mais hoje em dia e os adultos tentam remediar com dinheiro e presentes caros, que os filhos não precisam. Essa postura é muito mais fácil do que efetivamente escutar as necessidades das crianças e se dedicar a isso, investir tempo e amor na relação”, ressalta a psicóloga Letícia Guedes, da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental.
Na casa da blogueira Gabriella Brandão, do Dicas Pais e Filhos, Natal não é só a época de ganhar presentes do Papai Noel. Mãe dos pequenos Antonio Pedro, de 4 anos, e Luisa, de 6, Gabriella faz questão de lembrar aos filhos quais valores representam essa celebração.
“Toda a nossa família vive a magia do Natal e a ideia da fantasia do Papai Noel. As crianças escrevem as cartinhas com os seus pedidos, mas não para por aí. Tento levá-los a um orfanato para doar brinquedos, além de separar algumas cartinhas dos Correios de crianças carentes. Tudo isso para relembrar o verdadeiro significado da data”, explica Gabriela.
Segundo ela, nunca existiu um trauma gigantesco por parte dos filhos por não ganhar um determinado presente dos pais, mesmo em outras datas festivas. Gabriella conta que, no último ano, a filha mais velha insistiu para ganhar um iPhone dos pais, já que todos os amiguinhos do transporte escolar também tinham.
Apesar da culpa e da vontade de realizar o desejo da filha, Gabriella se manteve firme e recusou o pedido de Luisa. Esta, por sua vez, encontrou outro caminho para se divertir no trajeto casa-escola-casa. “Ela arrumou um jeito de brincar com o celular da melhor amiga dela, além de levar os próprios brinquedinhos. Com os limites e as recusas, você ajuda a criança a ter autonomia, a se virar com o que ela tem”, acredita a mãe.
De acordo com o estudo do SPC, apenas 3% dos pais entrevistados revelaram que os filhos fazem birra e choram até ganhar o presente desejado. Em contrapartida, 30% disseram que os filhos ficam tristes e frustrados, porém logo se esquecem do pedido ou não pedem outro presente.
FONTE: Delas.ig.com.br
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